Artigo: De quem é a culpa?

Compartilhe esta notícia:

Por: Rodrigo Segantini*

Virou um escândalo o surto de dengue em nossa cidade. Muitos dizem que faltou ações por parte da prefeitura para conter a explosão de casos que agora flagelam Taquaritinga. Isso até pode ser verdade, já que, de fato, diferentemente de anos anteriores, não houve mutirões de limpeza urbana e operações caça-vetores, como antes muito bem organizadas por Beto Girotto e Fabrício Araújo. Porém, é muito fácil culpar a Administração Pública e tirar da reta a culpa do maior responsável por termos chegado a essa situação: o cidadão taquaritinguense.

Ora, é sabido como funciona a disseminação do vírus da dengue. Esse monstrinho circula por aí graças ao mosquito Aedes. Já que não dá para matar o vírus no ninho, devemos dar um jeito de diminuir a proliferação do mosquito, combatendo seus criadouros. A Prefeitura pode até organizar ações amplas e de forma geral, mas o que é eficiente mesmo é quando cada um de nós faz sua parte e limpa o próprio quintal.

É comprovado cientificamente que a falta de cuidado da população com a limpeza e organização dos espaços de sua própria casa, de seu local de trabalho e eventuais lugares e ambientes que frequentem e que sejam de sua responsabilidade é que realmente impacta muito negativamente no combate à dengue. Então, a explosão de casos da doença na cidade revela mais a ausência de desvelo do povo com suas próprias coisas e interesses do que o descaso da Prefeitura.

Veja bem: não estou dizendo que a Prefeitura não tem culpa. Tem culpa sim. Percebendo que a população não estava sendo tão zelosa quanto deveria ou poderia, deveria ter lançado mão de campanhas e ações que garantissem a necessária cobertura para evitar chegar ao ponto que agora nos encontramos. A Prefeitura falhou neste seu mister e a responsabilidade de tal absurdo merece sim ser apurada na seara adequada, se não para a correta responsabilização, ao menos pelo caráter pedagógico que isso terá, para evitar sua repetição no futuro. Porém, não sejamos ingênuos de achar que tudo é responsabilidade do Poder Público.

Aliás, isso é muito comum por aqui. Qualquer coisa que aconteça parece que a solução está em bater panela junto ao Paço Municipal ou espernear nos microfones das rádios. Sejamos justos: todos nós achamos isso, que entre nossa gente há um monte de pessoas acomodadas que esperam tudo cair do céu. Pois bem: o que neste verão caiu do céu foi um enxame de mosquitos Aedes, cultivados com todo carinho em cada potinho de água em baixo de uma planta no quintal de nossas casas, em cada pneu convenientemente abandonado por nós em um terreno baldio, em cada garrafa e copo que jogamos pela janela como lixo em que ficou presa nas galerias pluviais coletadas pelas bocas-de-lobo e bueiros após as chuvas torrenciais que marcaram esse começo de ano.

Não adianta ficar de braços cruzados esperando que a Prefeitura resolva todos os nossos problemas porque ela não está dando conta nem de resolver direito o que de fato deveria resolver. O que é de nossa parte, em vez de ficar por aí boquejando e reclamando, nós devemos fazer.

Claro que, superada a questão de que nem nós, nem a Prefeitura fez adequadamente o dever de casa, há muitas coisas que devemos levar em conta para a situação ter sido um pouco pior. Primeira delas e mais relevante de todas neste cenário é que choveu muito, muito mais do que era esperado. Em tempos de chuvarada, é óbvio que os focos de água empoçada vão aumentar exponencialmente e a limpeza de terrenos e quintais fica muito prejudicada. Também precisamos levar em conta que, depois de dois anos em que o Coronavírus devastou o mundo, a Saúde Pública ficou tão focada para tentar debelar a covid-19 e minorar os estragos que ela causou que acabou deixando para segundo plano outras pautas porque a prioridade naquele momento era outra. Mas isso pode aliviar o peso de nossa culpa, mas não tira um grama de nossa responsabilidade.

Mas nunca é tarde! Em vez de ficar reclamando que seu vizinho deveria ter feito e não fez, que a Prefeitura deveria ter feito e não fez, que tal coisa deveria ter sido feita e não foi, que tal você fazer? Que tal você ir lá agora e dar uma geral no seu quintal, na frente de sua casa, no terreno baldio do lado, no jardim de sua varanda, nos vasinhos de planta de seu local de trabalho? Isso ajuda muito e faz toda a diferença!

Se você apresentar febre acima de 38,5o, dores de cabeça ou musculares intensas ou ao movimentar os olhos, falta de apetite e manchas vermelhas pelo corpo, provavelmente está com febre. Não precisa se isolar, mas precisa tomar muito líquido para evitar desidratação e procurar um médico o quanto antes para saber quais medicamentos poderá usar para baixar a febre e quais analgésicos poderá tomar para aliviar as dores.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

Compartilhe esta notícia: